Os coordenadores  estaduais de 24 estados participaram na sede da  Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), em Brasília, do Encontro Nacional, para debater as dificuldades e desafios do trabalho dos autosdefensores em suas regiões, além de trocar experiências e boas práticas, com objetivo de aprimorar o trabalho realizado nas Apaes de todo país.

O dia foi de intensas atividades. A abertura foi realizada pelo 1º Diretor Financeiro da Fenapaes, Unírio Bernardi, representando a presidente Aracy Lêdo, e pela Coordenadora Nacional de Autogestão, Elcira Bernardi. Logo pela manhã, os representantes estaduais assistiram a duas palestras: Jaqueline Regina Pilger, Coordenadora Estadual da Feapaes do Rio Grande do Sul, apresentou o Manual Nacional de Autogestão, Autodefensoria e Família. Erivaldo Fernandes Neto, Coordenador da Uniapae, trouxe reflexões sobre autonomia e dignidade da pessoa com deficiência intelectual e múltipla.

Em seguida, a Procuradora  Jurídica da Fenapaes Rosângela Wolff Moro, proferiu uma das palestras mais aguardadas do Encontro. Ela apresentou pontos  da Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, como ficou conhecida a norma, em especial, sobre os direitos assegurados pela Lei no acesso à saúde, educação, transporte, lazer e cultura.

Rosângela Moro destacou que a Lei Brasileira de Inclusão está em pleno vigor, mesmo tendo alguns dispositivos que ainda dependem de regulamentação do Poder Executivo, e sanou muitas dúvidas dos coordenadores sobre interpretações da Lei.  A deficiência ela não está mais na pessoa, disse a especialista, a deficiência está nas barreiras que essa pessoa tem que enfrentar para, em igualdade de condições com todos os demais, estar realmente inserida na sociedade. E isso muda tudo, porque a partir disto podemos começar a compreender que a sociedade tem que se adaptar para pessoa com deficiência, e isso está muito claro na Lei, complementou.  

Nós atingimos nosso objetivo no encontro trabalhando a Lei Brasileira de Inclusão, ressaltou a Coordenadora Nacional de Autogestão, Autodefensoira e Família da Fenapaes, Elcira Bernardi, que comandou os trabalhos em Brasília. Ela disse que uma comissão formada por coordenadores estaduais foi criada para elaborar um material comentado da Lei, pelos próprios autodefensores. 

A ideia agradou aos dois autodefensores que participaram do Encontro Nacional, em Brasília. José Lucas dos Santos, do Tocantins, disse que é preciso uma comunicação mais eficiente entre a base e seus coordenadores, especialmente agora com o embasamento jurídico da Lei. Já Thailane Muniz, de Santa Catarina, gostou da troca de experiências: Eles discutiram aqui como cada Apae era,  e tem que ser. Falaram sobre os encontros que nós vamos ter, sobre o Festival, comentou.

O Programa de Autogestão, Autodefensoria e Família é a principal atividade dentro de uma Apae. Se não tivermos a voz dos nossos usuários e familiares, nós não iremos realizar um bom trabalho, lembrou a coordenadora Elcira Bernardi. E completou: A defesa de direitos das pessoas com deficiência é o principal objetivo da Apae. Precisamos de um trabalho de base, nas regionais, na estadual, considerando o autodefensor como fundamento do nosso trabalho.

O grupo também formou outra comissão, dessa vez para trabalhar em um documento que será referência para a Família, em todas as Apaes do Brasil. Além disso, os coordenadores debateram a organização de outros dois compromissos importantes. O encontro de autodefensores durante o Festival  Nacional Nossa Arte, que será realizado no final de novembro e início de dezembro, e a organização do Fórum Nacional de Autogestão, Autodefensoria e Família da Rede Apae, em 2017.