João Paulo Zanatto
22/08/2023
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A cartilha “As muitas faces do capacitismo: histórias de pessoas com deficiência intelectual” foi lançada pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) nesta segunda-feira (21) durante a live de abertura da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla de 2023, cujo tema é “Conectar e somar para construir inclusão”. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Nilson Ferreira e pelos autodefensores nacionais, Francisco Matos Além e Tâmara Soares.
Organizada pelas professoras Anahi Guedes de Mello e Olivia von der Weid, a obra contou com a contribuição dos autodefensores e tem por objetivo chamar a atenção em relação ao quão prejudicial são as práticas capacitistas, ainda comuns na sociedade, e despertar uma consciência inclusiva para que as pessoas reflitam e cessem comportamentos que desagregam e discriminam.
O capacitismo é a desvalorização e a desqualificação das pessoas com deficiência com base no preconceito em relação à sua capacidade intelectual e física. São atitudes ou comportamentos preconceituosos, pejorativos e estigmatizados que, devido às suas capacidades de inibir, coibir, oprimir, desencorajar, entre outros fatores negativos, ocasionam a exclusão e a segregação das pessoas com deficiência, mesmo que inconscientemente. Essas ações acontecem diariamente nos mais diversos ambientes sociais, tais como escolas, trabalho e até nos lares.
Ao destacar a importância de se avançar nas questões de reconhecer os direitos das pessoas com deficiência, Nilson Ferreira afirmou que a cartilha representa um marco para o movimento apaeano.
“Certamente fará uma grande diferença. Infelizmente, algumas pessoas ainda têm essa concepção de achar que a pessoa com deficiência não tem a capacidade de fazer as coisas que eles querem, que eles precisam fazer. Então, eu acho muito bacana o propósito da cartilha e prezo para que esse documento seja de cabeceira da população brasileira, para que realmente a gente comece a enxergar as pessoas com deficiência com outro olhar, um olhar de protagonismo, um olhar de que essas pessoas têm, sim, competências, inclusive muitas vezes além de pessoas tidas como normais”, ressaltou.
Momento ideal
“As muitas faces do capacitismo” chega justamente no início dos trabalhos da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Para Tâmara Soares, este é o momento ideal para o lançamento da cartilha, já que o capacitismo é uma presença negativa ainda muito forte na sociedade. Segundo a autodefensora, com este novo documento será possível dar um norte sobre como eliminar comportamentos inaceitáveis.
“Espero que a cartilha alcance muitas pessoas, afinal, o capacitismo é um preconceito que precisa ser eliminado. E, como movimento, nossa responsabilidade é sermos os agentes de mudança. Precisamos mostrar, para quem não conhece, as consequências do capacitismo e até onde ele pode chegar. E isso não deve se limitar ao movimento apaeano, mas se estender a toda a sociedade. Isso nos ajudará a combater o preconceito e a discriminação que o capacitismo tem causado às pessoas com deficiência. Causa muita dor, mágoa e até traumas psicológicos, não apenas em pessoas com deficiência, mas em todos que possuem características diferentes. Cabe a nós não só conhecer, mas também alertar sobre os sinais de pessoas que estão sendo vítimas de capacitismo. Então, prestem atenção a esses sinais nas pessoas que vocês atendem, sejam profissionais ou envolvidos no movimento”, enfatizou.
Quebra de paradigma
As pessoas com deficiência têm o direito de ser quem são e têm seus lugares na sociedade. Francisco Matos Além frisa que a cartilha “As muitas faces do capacitismo” simboliza uma quebra de paradigma, que vem para ser a ruptura das barreiras invisíveis que a sociedade impõe às pessoas com deficiência.
"Para nós, pessoas com deficiência, acredito que a cartilha é um grito. Um grito para dizer: ‘Eu estou aqui, eu existo’. Participar da construção dela é extremamente gratificante para mim, pois posso dizer que faço parte dessa história, dessa cartilha que veio para abrir nossos olhos, os ouvidos daqueles que não ouvem e ser as pernas daqueles que não andam. É a nossa ousadia de dizer: ‘Aqui viemos, aqui estamos para lutar’. Deficientes, sim; incapazes, não”, afirmou.
Download
De forma totalmente on-line e gratuita, a cartilha “As muitas faces do capacitismo: histórias de pessoas com deficiência intelectual” já está disponível no site da Apae Brasil. Para acessá-la, basta clicar neste link ou seguir estes passos: Instituto Apae Brasil -> Publicações -> Cartilha “As muitas faces do capacitismo: histórias de pessoas com deficiência intelectual” -> e clicar na imagem da capa da cartilha.