Com 14 publicações no currículo, o escritor Rômulo Netto se aventura pela ficção em uma história comovente sobre um casal no sertão brasileiro com um filho autista. A obra Não fala comigo, a história de um autista, publicada pela Carlini & Caniato Editorial em 2011, está disponível para todo o Brasil no site da editora.
Fiquei assustado. Não tenho filhos ou parentes autistas, mais ainda: jamais vi um autista em carne e osso. Tinha que tomar cuidado para não criar um personagem com características distintas do portador da síndrome. Por outro lado não queria pesquisar para que o texto não sofresse influências que me desvirtuassem de meu propósito, explica Rômulo Netto, autor do livro.
A ideia do livro, de acordo com Rômulo Netto, surgiu quando uma de suas filhas, ainda criança, dizia aos outros não fala comigo. A partir daí, as sementes que deram origem à obra foram crescendo, até florescerem. De repente o texto começou a fluir aos borbotões. Não tinha ideia do assunto que predominaria no livro. Apenas quando Rutinha [personagem] entrou em trabalho de parto e, mesmo com a ajuda da parteira e da benzedeira, a criança se recusava a vir de encontro ao mundo, foi que optei pela temática, escreveu Netto.
A diretora administrativa da Associação em Defesa do Autista (ADEFA), que também é mãe de um garoto autista clássico, Berenice Piana, disse que a obra mostrou que os autistas tem muito a oferecer para a sociedade.
A obra traz esperança, informação, diverte e faz chorar ao mesmo tempo. Tem em todo seu conteúdo o linguajar simples de nossa gente, de nossa realidade, sem o tão batido ‘americanismo’ que impregna qualquer assunto relativo a autismo. ‘Não fala comigo!’ vem dizer a todos que os diferentes podem ser iguais, e que autistas têm muito a oferecer à nossa sociedade, ao nosso planeta, disse Berenice.
De acordo com ela, a história da obra pode ser aplicada a muitos casos de famílias com pessoas autistas. A diferença entre o desfecho de nosso protagonista e dos muitos autistas está numa palavra: credibilidade. É o que a família ofereceu a ele todo o tempo, e nosso autor soube retratar tão bem, escreveu Piana no prefácio da obra.